Fiorella é diretora da ONG Ação Social pela Música do Brasil, fundada em 1994, ao lado de seu falecido marido, o maestro David Machado. Atualmente o programa está em três regiões do Brasil (Norte, Nordeste e Sudeste) e atende um total de 4.732 alunos em seu programa socioeducativo e cultural, resultando na redução das desigualdades sociais no Brasil. Nesta entrevista, Fiorella compartilhou um pouco da sua trajetória com a música e como esse projeto tem impactado vidas. Confira agora!
1. Como a sua história com a música começou?
“Minha história com a música começou durante a minha infância no âmbito familiar. Sou brasileira naturalizada e moro no Brasil há 40 anos, mas nasci e passei a infância na Guatemala. Durante esse período, minha família sempre gostou muito de música. Foi então, aos 9 anos, por esse convívio com a música, que eu resolvi aprender a tocar piano. Aos 11 anos, como eu frequentava muitos concertos musicais com os meus pais, resolvi estudar violoncelo no conservatório de música. E foi aos 14 anos que tomei a decisão de ser musicista.”
2. Como surgiu a vontade de impactar outras pessoas através da música?
“Essa proposta foi do meu marido, Maestro David Machado, um homem que consagrou sua vida à música, e teve uma grande trajetória como maestro. Como ele estudou e morou em vários países, notou que, enquanto em países da Europa e dos Estados Unidos a música fazia parte do currículo escolar, outros países eram marcados pela falta de oportunidades para muitas crianças, adolescentes e jovens.
Na Venezuela, ele conheceu o projeto “El Sistema” e trouxe para o Brasil, com o incentivo do Governo Federal. E, nesse período, acabei ficando viúva, mas resolvi ir em frente com o projeto de forma paralela ao meu trabalho como violoncelista profissional.
Um ponto relevante que nos chamava atenção, foi que em todas as orquestras sinfônicas do Rio de Janeiro, não tinham pessoas pobres, de comunidades ou afrodescendentes, ou seja, a música não era algo para muitos. Então, a nossa principal proposta foi levar o projeto para dentro das comunidades, a fim de democratizar o acesso à música clássica.”
3. Quais impactos você acredita que a música traz para o desenvolvimento de crianças e jovens?
“A música é principalmente agregadora, ela desenvolve a disciplina, a concentração e a motricidade. Além disso, uma orquestra sinfônica é composta por hierarquias, então as crianças e adolescentes aprendem que dentro de um grupo orquestral terá o líder e trabalham a questão do respeito. Outra questão é o silêncio, você aprende a conviver com a pessoa que está ao seu lado.
Como se trata de um projeto social, a família também é impactada, tendo um efeito multiplicador. É importante ressaltar que a nossa proposta não é profissionalizar os alunos, nós somos um projeto de educação que usa como ferramenta o aprendizado de instrumentos musicais. Mas, ainda assim, muitos jovens acabam ingressando na faculdade e seguindo a carreira na música.”
4. De que maneira a música você acredita que a música pode ser usada para reparar as desigualdades sociais?
“No momento em que abrimos um Núcleo de Aprendizagem Musical da Ação Social pela Música dentro de uma comunidade, já estamos reparando uma desigualdade. Afinal, um aluno não conseguiria ter recursos para pagar o transporte para ir a um conservatório ou até mesmo arcar com os custos de uma escola de música particular. Então, o primeiro reparo de desigualdade se inicia ao oferecer o acesso a aprender a tocar um instrumento de música clássica dentro da sua própria comunidade.
Outro ponto, é que o Brasil possui um grande desnível no acesso à educação de qualidade, então as aulas proporcionam mais concentração ao aluno, alimentação dentro do núcleo e um momento de lazer. A partir disso, ele terá mais bagagem, e poderá ir melhor na escola pública. Uma coisa ajuda a outra.
E, para finalizar, existe a questão da meritocracia, que só poderia acontecer se todos partissem do mesmo ponto. Através do projeto, podemos levar um aprendizado formal e dar uma chance real para aquele jovem tornar-se um músico profissional.”
A conexão de Fiorella com o Instituto Alicerce se deu através do idealizador do Projeto Daniba, Richard Barczinski. Richard tem uma bela relação com a música e é além do Projeto Daniba, em parceria com o Instituto Alicerce e contribui também com a ASM do Brasil.
O Projeto Daniba, localizado na Brasilândia, atende jovens de 14 a 18 anos, oferecendo aulas 3x na semana, de Escrita, Leitura e Matemática, além de lanche e o clube de música e sustentabilidade, que acontece aos sábados, na unidade.
Em 28/08/2021, foi promovido um encontro entre os alunos da ASM do Brasil e do Projeto Daniba, depois da apresentação da Camerata Juvenil do Rio de Janeiro, que ocorreu no Polo Daniba.
Como apoiar o projeto
Para que a instituição consiga prosseguir com a sua trajetória e continue levando oportunidades para milhares de outras crianças e jovens, ela precisa da ajuda da sociedade civil. Clique aqui e saiba como colaborar com essa causa.
Conheça também a causa do Instituto Alicerce
O Instituto Alicerce é uma organização sem fins lucrativos que tem como missão proporcionar melhores oportunidades, ligadas à educação, a crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social. Somente através da educação podemos garantir maiores oportunidades de sucesso a todos. Acesse o nosso site e veja como ajudar.